Quando me olhei no espelho fitei a vida e ela me encarou tão fundo que eu quase disse: Ai. Mas não, fiquei calada, paralisada, com a boca entreaberta diante daquele mar de respostas. A vida ali no espelho, os porquês todos materializados, e eu, acho que por não querê-los tão depressa, virei o olho pra lá, fugindo. Mas ainda enxergava, de canto, era a felicidade ali no espelho, e ela não virara o rosto, ela me olhava tanto que, de dentro do espelho, se estendesse a mão, me alcançaria. Fiquei com medo, não sei. Não sei se essa história existiu ou eu a inventei. Não sei se lembro ou se lombro.Sei que não me assustei ao olhar pra cara da vida. Assutei porque era pra minha cara que eu olhava, mas foi a vida que eu vi.
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