quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

PRAIA.



Eu queria querer, mas não podia. Ordenava aos meus olhos que brilhassem, implorava às mãos que tentassem em vão agarrar um rosto, ordenava mesmo aos poros que gritassem e vomitassem suor, e que os joelhos tremessem, e que rangessem os dentes e que esfriassem os pés, a barriga, e o resto do mundo. Implorava a mim que houvesse qualquer parte minha querendo, qualquer mesmo, um suspiro, ao menos, cor-de-rosa. Um pêlo, que fosse, arrepiado. Nem que fosse uma leve quentura entre as pernas...Dou-lhe pedaços do meu corpo e recortes do meu amor, pra que você me aprenda a cuidar aos poucos, e tanto, que eu inteira ainda seja pouco pra lhe entregar. E pra que, ao chegar a hora toda, você conheça cada minúscula vereda, e prefira trilhar-me os pedaços, a bruscamente pelas avenidas.

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