
Eu queria querer, mas não podia. Ordenava aos meus olhos que brilhassem, implorava às mãos que tentassem em vão agarrar um rosto, ordenava mesmo aos poros que gritassem e vomitassem suor, e que os joelhos tremessem, e que rangessem os dentes e que esfriassem os pés, a barriga, e o resto do mundo. Implorava a mim que houvesse qualquer parte minha querendo, qualquer mesmo, um suspiro, ao menos, cor-de-rosa. Um pêlo, que fosse, arrepiado. Nem que fosse uma leve quentura entre as pernas...Dou-lhe pedaços do meu corpo e recortes do meu amor, pra que você me aprenda a cuidar aos poucos, e tanto, que eu inteira ainda seja pouco pra lhe entregar. E pra que, ao chegar a hora toda, você conheça cada minúscula vereda, e prefira trilhar-me os pedaços, a bruscamente pelas avenidas.
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