terça-feira, 5 de janeiro de 2010

NACIONAL




Quero um lugar onde eu possa recitar Fernando Pessoa sem perigo de um pós-estruturalista me interromper pelado com um cartaz de Salve as Baleias. Porra, também tô preocupada com as baleias, mas e a novela da minha vida que agora virou clipe de MTV? Ah, viva o tropicalismo, o antropofagismo, o dadaísmo e o Caetano Veloso! Viva o vinil! Viva a nostalgia! As meninas da minha idade parecem todas mais inteligentes e divertidas do que são! Óculos grandes não adiantam, não adiantam!

Vamos parar de viadagem, vai. Todo mundo tá precisando ler um gibi da Mônica e parar com essas bandinhas barulhentinhas que usam sonorizações animais como elemento de harmonia. Todo mundo agora usa tênis de couro, esqueceram da Raider de borracha. Tô meio indignada com esse pseudo-intelectualismo, pseudo-pobrismo e pseudo-divertidismo. Todo mundo tá na pior, vai, vamo combinar. Todo mundo precisa estudar um pouco mais e se masturbar um pouco menos. Caraca, me entreguei grandão, mas tá valendo. Represento essa classe doida, sofrida e com ares de Me Deixem Navegar na Internet na Privacidade do Meu Quartinho. Sério, preciso trabalhar numa ONG ou adotar uma criança. Essa adolescência comprida tá irritante. E minhas amigas estão iguaizinhas, uma ruindade. Puta que pariu nossos desfiles de moda. Puta que pariu. A arte tá interrompida. A profundidade tá proibida. E eu tô fudidaça e querendo ir ao cinema. Cinema nacional. NACIONAL!

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